A parábola dos pescadores sem peixes
Autor
desconhecido
Era uma Associação de Pescadores, que viviam no
meio de rios e lagos, cheios de peixes famintos. Eles se reuniam regularmente
para discutir sobre o chamado para pescar, a abundância de peixe e a emoção de
pegar peixes. Ficavam muito animados com o assunto da pescaria.
Alguém sugeriu que o grupo precisava de uma
filosofia de pesca. Assim, cuidadosamente, definiram e redefiniram a pesca e o
propósito da pescaria. Desenvolveram estratégias e táticas. De repente
perceberam que haviam começado de trás para frente – haviam se interessado pela
pescaria do ponto de vista do pescador, e não do ponto de vista do peixe. Como
o peixe vê o mundo? Como vê o pescador? O que e quando o peixe come? Era
importante entender essas coisas. Por isso, iniciaram estudos e pesquisas.
Participaram de conferências sobre a pescaria. Muitos viajaram a lugares
longínquos para estudar diferentes tipos de peixes, com diferentes hábitos.
Alguns obtiveram Ph.D. em piscicultura.
Contudo, ninguém havia ido pescar. Formou-se,
então, um comitê para enviar pescadores. Havia muito mais lugares propícios
para pescar do que pescadores. Por isso, o comitê precisava determinar
prioridades. A lista de prioridades foi colocada em quadros de avisos em todos
os salões da Associação.
Mas, como antes, ninguém estava pescando ainda. Foi
feita uma pesquisa para saber por quê. A maioria não respondeu ao questionário,
mas, entre os que responderam, descobriu-se que alguns se sentiam chamados para
estudar a pesca, outros para fornecer equipamentos de pesca e outros, ainda,
para encorajar os pescadores. E, com tantas reuniões, conferências e
seminários, simplesmente não tiveram tempo para pescar.
Jacó era novato na Associação de Pescadores. Depois
de uma reunião muito animada, ele foi pescar. Fez algumas tentativas, pegou o
jeito e conseguiu pegar um lindo peixe! Na reunião seguinte, ele contou sua
história e foi elogiado pelo sucesso. Acabou sendo convidado para falar em
todos os núcleos da Associação e contar como havia sido a sua pescaria. Assim,
com tantos compromissos e por ter sido eleito para a diretoria da Associação,
Jacó nunca mais teve tempo para pescar.
No entanto, não demorou muito e ele começou a se
sentir intranqüilo e vazio. Teve saudades da pesca propriamente dita, de sentir
o puxão no anzol. Assim, decidiu deixar a diretoria da Associação, bem como os
demais compromissos com os núcleos, e convidou um amigo para ir pescar com ele.
Os dois foram – sozinhos – e pegaram peixes.
Os membros da Associação de Pescadores eram muitos
e os peixes eram abundantes. Mas os pescadores continuavam sendo muito poucos.
Tradução de Antonia Leonora van der Meer.
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A Parábola do Pescador Sem Peixes
Por João M. Drescher
ALGUÉM É PESCADOR
SE, ANO APÓS ANO, NÃO PEGA UM PEIXE?
Acontece que existe
um grupo que se intitula "pescadores". E note, também existem muitos
peixes nas águas por aí. De fato, toda a área está cercada de rios e lagos
cheios de peixe. E os peixes estão famintos. Semana após semana, mês após mês e
ano após ano, esses homens que se dizem pescadores encontram-se em reuniões e
falam a respeito de sua chamada para serem pescadores, da abundância de peixe e
de como devem ir à pescaria.
Ano após ano,
cuidadosamente eles definem o que significa "pescar", defendendo a
pescaria como ocupação e declarando que a pescaria sempre deve ser a tarefa
prioritária do pescador.
Continuamente,
buscam novos e melhores métodos de pescar e novas e melhores definições de
"pesca".
Além disso dizem,
"A indústria pesqueira está para a pesca assim como o fogo para a
queimada".
Amam slogans como
"Pescar é dever de todo pescador", "Todo homem é um
pescador". Promovem reuniões especiais chamadas "Campanhas de
Pescadores" e "O mês do pescador pescar".
Promovem congressos
nacionais e mundiais para discutirem sobre pesca, para promoverem pescas e
ouvirem a respeito de todos os modos de se pescar, bem como sobre os novos
equipamentos, sobre os "chamados" para pescar e se algum novo
pesqueiro foi descoberto.
Esses pescadores
constroem edifícios grandes e belos, chamados "Quartéis de Pesca". A
justificativa é que todos devem ser pescadores e todo pescador deve pescar. Uma
coisa, porém, não fazem: eles não pescam!
Ainda mais, para as
reuniões regulares, organizam um conselho para enviar pescadores a outros
lugares onde existem muitos peixes.
Todos os pescadores
parecem concordar com o fato de que o que é preciso é um Conselho que seja
capaz de desafiar os pescadores a se manterem fiéis à pesca.
O Conselho seria
formado por aqueles que tem grande visão e coragem para falar sobre pesca, para
defini-la e de promoverem a idéia de se pescar em rios distantes e lagos onde
muitos peixes de cores variadas vivem.
O Conselho também
contrata equipes, indica comitês e mantém várias reuniões para definir e defender
a pesca e para decidir quais novos rios devem ser analisados. Mas, os membros
das equipes e comitês não pescam.
Grandes, elaborados
e dispendiosos centros de treinamento são construídos com o objetivo primeiro
de ensinar pescadores a pescar.
Anos a fio,
oferecem cursos onde se estudam as necessidades do peixe, sua natureza, onde
encontrá-lo, suas reações psicológicas, como se aproximar e alimentar o peixe.
Aqueles que ensinam
têm doutorados em Psicologia. Mas, os professores não pescam. Apenas ensinam a
pescar. Ano após ano, depois de um treinamento cansativo, muitos se formam e
recebem sua licença de pescadores. São enviados a pescas de tempo integral,
alguns em águas distantes e cheias de peixes.
Alguns despendem
muito estudo e viagens para aprender a história da pesca e para ver os lugares
onde os primeiros pais fizeram grandes pescas nos séculos passados. Eles
enaltecem os feitos dos pescadores daqueles anos, que lançaram a idéia da
pesca.
Além disso, os
pescadores constroem grandes casas publicadoras para imprimirem guias de pesca.
Prensas são mantidas ocupadas dia e noite para produzir material exclusivamente
dedicado a métodos de pescas, equipamentos e programas de como organizar e
encorajar reuniões para falar a respeito de pesca. Também se providencia um
serviço de oradores para escalar oradores especiais sobre pesca.
Muitos que sentem o
chamado para serem pescadores respondem. São comissionados e enviados para
pescar. Mas, como os pescadores que ficam em casa, nunca pescam. Como os pescadores
que ficam em casa, envolvem-se em todo tipo de ocupações. Constroem poderosas
instalações para bombar água para pescar e tratores para sulcar novas correntes
de água.
Fazem todo tipo de
equipamento para viajar por todo lado para procurar peixes. Alguns até dizem
que gostariam de fazer parte da Festa da Pesca, mas sentem-se chamados a fazer
equipamentos de pesca.
Outros sentem que
seu trabalho é se relacionar com o peixe para que ele saiba qual é o bom e o
mau pescador.
Outros sentem que
simplesmente deixar que o peixe saiba o quanto são gentis, bons vizinhos, o
quanto amáveis e bondosos são, é o suficiente.
Depois de uma
animada reunião sobre "A necessidade do pescador", um jovem saiu e
foi pescar.
No dia seguinte
relatou haver pescado dois peixes. Foi homenageado por sua excelente pescaria e
escalado para comparecer numa das reuniões maiores para contar como havia feito
isso.
Assim, ele
interrompeu sua pescaria para ter tempo de contar sua experiência aos outros
pescadores. Foi também colocado no Quadro Geral de Pescadores como pessoa de
considerável experiência.
É verdade que
muitos pescadores se sacrificam e colocam de lado todo tipo de dificuldade.
Alguns moram perto
da água e suportam o cheiro de peixe morto todo dia. São ridicularizados por
alguns que fazem piadas com seus clubes de pescadores e com o fato de se
chamarem pescadores sem nunca terem pescado.
Preocupam-se com
aqueles que acham inútil assistir reuniões semanais para falar a respeito de
pesca.
Afinal de contas,
não estão eles seguindo o Mestre que disse: "Sigam-me e eu os farei
pescadores de homens?"
Imaginem o quão
ofendido se sente alguém quando um dia uma pessoa sugeriu que aqueles que não
pegam peixe não são realmente pescadores, não importando o que afirmem ser.
Pergunta: Alguém é
pescador se, ano após ano, nunca pega um peixe? Alguém está seguindo a Jesus se
não está pescando?
Espero que esta não
seja a parábola que descreva o nosso ministério!
Fonte: Sepal http://www.lideranca.org/cgi-bin/index.cgi?&action=