No segundo domingo de junho, em que se comemora o Dia do Pastor, parabenizamos a todos aqueles que, atendendo ao chamado divino (Efésios 4.11-12), dedicam suas vidas a apascentar as ovelhas do Sumo e Bom Pastor (1 Pedro 5.1-4; João 10.11-14), nosso Senhor Jesus Cristo. Que ele mesmo fortaleça suas vidas no cumprimento desse ministério.
Diante da nem sempre muito bem compreendida missão do pastor, publicamos a seguir uma carta de uma filha de um pastor, endereçada ao seu pai.
CARTA DE UMA FILHA DE PASTOR
“Todo 2º domingo de junho,
as igrejas batistas comemoram o Dia do Pastor. Costumam ser cultos especiais,
como este, com algumas homenagens. Hoje, eu quero fazer a minha homenagem, como
filha e como sua ovelha, pai-pastor. Afinal, sou uma de suas ovelhas mais
antigas e tenho acompanhado seu ministério há 21 anos.
Faço parte da 1ª instituição
que Deus te deu para administrar e pastorear, a nossa família. Pai, você sabe
que quando era mais nova, reclamava de ser filha de pastor. Em muitos momentos
questionei a Deus o porquê disso. Porque eu não poderia ter nascido em uma
família normal? Porque tinha que mudar de escola, cidade, amigos e vida, a cada
vez que Deus te chamasse para um novo ministério? Hoje, olho pra trás e penso:
que bobagem eu pensava quando era criança! Que família melhor eu poderia pedir
a Deus? Não que a nossa seja perfeita… mas de uma coisa estou certa: tudo foi
um plano perfeito do nosso Pai do céu. Tive a oportunidade de morar em vários
lugares, conhecer outras cidades, fazer muitos amigos, conhecer diversas
pessoas e culturas diferentes. Como consequência, desenvolvi uma facilidade de
adaptação a mudanças e de lidar com outras culturas. Hoje, sou reconhecida em
meu trabalho por essas aptidões. Com certeza isso também foi plano de Deus para
minha vida.
Porém, a cobrança das
pessoas foi inevitável. Você, percebendo que isso poderia gerar um momento de
insegurança e que talvez uma pequena revolta pudesse nascer, soube nos mostrar
e nos defender perante a igreja, solicitando: “Não chamem a atenção das minhas
filhas por serem filhas de pastor, chamem sim, quando estiverem erradas, mas
não por serem minhas filhas”. Nunca esquecerei do dia em que você falou isso.
Você não imagina o quanto foi importante para mim. Percebi que você sentia o
que estávamos sentindo, pois ninguém melhor do que você para saber o que é
viver sob pressão. A pressão de ter pessoas te cobrando, criticando, exigindo
cada vez mais; de ter que ouvir os problemas das ovelhas, sofrer junto com
elas, e ao mesmo tempo, sabiamente conduzi-las a um caminho de paz; a pressão
da responsabilidade de transmitir a palavra de Deus e mostrar a verdade, o
correto, a verdadeira vontade de Deus para nossas vidas. Quantas vezes o vi
virar noites em claro, orando e chorando pelas igrejas, pelas vidas. Numa
dessas vezes, parei para refletir e passei a olhar o seu lado, e ver que eu não
sofria por ser filha de pastor. Existia uma cobrança, sim, porém pude ver o
quanto era abençoada por isso. Desde pequena, seja dormindo nos bancos da
igreja aguardando que as longas reuniões terminassem, abrindo e fechando a igreja,
ou desfrutando dos carinhosos almoços nas casas dos irmãos em dias de domingo;
desde pequena, dentro da casa de Deus. Você nos mostrou o caminho e assim como
pastoreou ovelhas em várias localidades, soube pastorear sua própria família,
mostrando-nos que ser apenas filha de pastor não levava ninguém ao céu. Era
preciso ter um encontro verdadeiro com Deus. E você, pai, nos levou a essa
consciência. Você cumpriu com a responsabilidade que Deus te deu. Hoje, tenho a
maturidade de auxiliá-lo no seu ministério, e tenho orgulho de dizer que faço
isso por opção. Vejo tantos filhos de pastores frustrados por aí. Alguns
perdidos no pecado, outros em ministérios sem ter nenhuma vocação para tal. Eu
posso dizer que sou feliz em tudo que faço para Deus. Sou feliz por acompanhar
seu ministério, poder ajudá-lo, poder compartilhar das dificuldades. Obrigada,
pai, por não exigir de mim algo que me levaria a uma vida frustrada. No dia de
hoje, em especial, quero agradecer ao meu Deus por sua vida. Lembro-me de você
em minhas orações sempre, pedindo a ele que Abençoe o meu pai-pastor, que
segure bem firme sua mão; que ele te dê saúde física, para aguentar o batente.
Peço que sempre o sustente, te dê sempre a firmeza. Que em todos os seus
ideais, você possa ir em frente sem exitar. Que Ele enriqueça seus planos, seus
ideais, revestindo-o de sabedoria. Agradeço ao meu Deus por sua vida. Que ele
te consagre, proteja e ilumine.
Como escrito em Jeremias
3.15 – “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com
conhecimento e com inteligência”. Que Deus o abençoe sempre em sabedoria.
Obrigada por ser meu pai-pastor.”
Késia Carolina Maia Lóta
(Originalmente publicada no site Prazer da Palavra, disponível em http://www.prazerdapalavra.com)