A seguir, um depoimento que nos inspira a dedicar nossa vida à proclamação do Evangelho e ao discipulado bíblico, sem triunfalismo e sem priorizarmos as estatísticas, mas impulsionados pelo amor a Deus e ao próximo, com a determinação de obedecer à ordem de Jesus Cristo: "Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mateus 28.19-20). Deixe-se ser desafiado e atenda o desafio!
*Trans:
Uma experiência válida para toda a vida
Durante a 92ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, o pastor Sebastião
Custódio de Oliveira Neto, da Primeira Igreja Batista em São Caetano do Sul
(SP), surpreendeu-se ao ver sua foto num cartaz que exibia imagens da primeira
Trans de 1974, que levou para o norte do país vários seminaristas, com o
intuito divulgar a Palavra nos lugares mais distantes, permitindo maior avanço
do evangelho.
Ele estava no primeiro ano do Seminário Teológico Betel, no Rio de Janeiro
(RJ), quando, em culto realizado na capela do seminário, o pastor Samuel Mitt,
secretário executivo de Missões Nacionais à época, fez o
"convite-desafio" aos seminaristas das igrejas batistas para que
participassem da primeira grande mobilização missionária a ser realizada em
dezembro daquele ano, indo para a Transamazônica. "A mobilização era
denominada Transtotal. Inscrevi-me e, para minha surpresa, fui aceito. Na
época, eu tinha 17 anos, mas completaria 18, antes do evento, e creio que tenha
sido um dos mais novos a participar", contou.
Estudantes do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, do IBER (hoje
CIEM), do Seminário Teológico Batista Fluminense, e do seminário onde Sebastião
estudava, todos do Rio de Janeiro, além dos alunos do Instituto Tecnológico A.
B. Deter, de Curitiba (PR), viajaram no mesmo ônibus com destino a Brasília.
"Éramos aproximadamente quarenta pessoas, entre moças e rapazes, incluindo
o então presidente de Missões Nacionais, pastor Henrique Marinho Nunes. Os seis
ou sete passageiros não evangélicos do ônibus foram os primeiros a ouvir a
mensagem de Jesus Cristo. Para mim, a Trans começava ali. Após 18 horas de
orações, pregações, canções, alguns cochilos e também muitos bate-papos,
chegamos a Brasília", relatou o pastor Sebastião, que após um dia de
descanso com seu grupo na capital federal, seguiu para Araguaína (TO), onde
participou de cultos nas igrejas e congregações.
"Cantamos, pregamos, demos testemunhos e muitas orações foram feitas a
favor dos que participariam da 'grande aventura missionária'. No dia seguinte
chegamos a Marabá, cidade-base da operação missionária, já às margens da
Transamazônica. Lá, nos encontramos com outros seminaristas, missionários,
pastores e evangelistas do Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Éramos,
aproximadamente, 110 irmãos e irmãs desejosos de anunciar o evangelho aos
milhares de brasileiros que vinham para a Transamazônica, cheios de sonhos,
pois ali ganhavam terras do governo e promessas de que em breve a estrada seria
asfaltada e a produção agrícola da região 'abasteceria o mundo'. As promessas
dos governantes não se cumpriram, mas a mensagem do evangelho daria aos que
nela cressem verdadeiramente uma nova vida", lembra o pastor. Na cidade de
Marabá, todos foram divididos em equipes de 6 a 8 componentes e, após o
treinamento coordenado pelo pastor Nilton Antônio de Souza, que trabalhava na
sede de Missões Nacionais no Rio de Janeiro, foram enviados para seus
respectivos trechos da estrada Transamazônica.
As famílias receberam terras ao longo da Transamazônica, mas em alguns lugares
havia pequenas comunidades chamadas "Agrovilas". Cada equipe tinha
como tarefa evangelizar os moradores ao longo de aproximadamente 50 km da
estrada, entre Marabá (PA) e Altamira (PA) e apesar de ser época de chuvas os
objetivos foram alcançados.
O grupo de Sebastião era liderado pelo pastor Isaías Próspero Duarte, e também
fazia parte de sua equipe a missionária Irtes Dias Delgado, que hoje, mesmo
aposentada como missionária, vive naquela região. "Ficamos 10 dias
visitando famílias nos sítios à beira da estrada. Durante o dia era feito censo
religioso, e quando havia concordância apresentávamos, na mesma visita, a
mensagem do evangelho e intercedíamos a Deus pelas famílias. À noite
realizávamos cultos nos sítios, pequenos comércios ou escolas. Muitas pessoas
receberam Jesus Cristo como senhor e salvador de suas vidas e ainda outras,
mesmo não tomando uma decisão naquele momento, aceitaram fazer estudos bíblicos
em seus lares".
Com seu jipe, com tração nas quatro rodas, o pastor Isaías
conseguia deslocar seu grupo ao longo daquela estrada de terra e muito barro.
Eles ficaram hospedados em três diferentes casas durante dez dias, com famílias
cristãs que tinham sido contactadas com antecedência. "Pela primeira vez
dormi em rede e experimentei bacaba, cupuaçu, açaí e farinha puba. Também ouvi o
ronco dos bugios e 'miados' de jaguatiricas. Andávamos bastante durante o dia
(nos subdividimos em dois grupos) e apesar do cansaço físico sentíamos uma
grande alegria e nossa disposição era constantemente renovada", recorda.
No retorno à Marabá, houve um culto em ação de graças, por todas
as bênçãos alcançadas naqueles dias. Estavam presentes, entre tantos outros, o
missionário Jonas Bidart Lopes, pastor da Igreja local, as missionárias Sônia
Maria dos Anjos Santos, Lúcia Margarida e a mensageira da noite foi a irmã
Marcolina Magalhães. Tendo chorado durante toda a mensagem, Sebastião foi até a
frente, consagrando sua vida enquanto era entoado o hino 298 do Cantor Cristão.
"Senti em todo aquele culto, uma manifestação especial do Espírito Santo.
Durante toda aquela experiência, do início do choro até o atendimento do apelo,
fui perguntando a Deus o que Ele queria de mim. O que deduzi no fim daquela
noite foi que Deus queria com aquele quebrantamento levar-me a viver com
sinceridade a letra do hino de que aprendera a gostar: 'Nem sempre será pro
lugar que eu quiser que o Mestre me tem de mandar'. Pois em relação ao
ministério as posições estavam invertidas: eu queria determinar como ele
deveria se desenvolver. Ali pude entender com clareza que o ministério não era
meu e sim de Deus, para que eu o cumprisse".
Como consequência da sua participação na primeira Trans,
Sebastião recebeu um convite para um trabalho de férias no interior de Goiás,
para onde foi em janeiro do ano seguinte. De dezembro de 1975 até o fim de
janeiro de 1976, ele participou da segunda Trans, a convite de Missões
Nacionais, e auxiliou na coordenação da equipe que trabalharia na região de
Sinop e Colíder (único grupo que atuou fora da Transamazônica). A maioria dos
integrantes de sua equipe era da Faculdade Teológica Batista de São Paulo,
estando entre eles a atual missionária Analzira Pereira do Nascimento, que mais
tarde foi para Angola e hoje coordena a JMM Jovem.
Retornando da "Trans Total 2", Sebastião e seu grupo
passaram na cidade de Campo Grande (MS), onde tiveram contato com o pastor
Jonatan de Oliveira, que fez o convite a Sebastião para que realizasse um
trabalho de férias na frente missionária de São Félix do Araguaia (MT), em
frente à Ilha do Bananal. Tendo aceitado o convite, ele ainda retornou no
início de 1977.
Em função do contado com a PIB de Campo Grande, no fim do curso,
em dezembro do mesmo ano, ele foi convidado para ser ordenado ao ministério
pastoral e para servir como missionário da Igreja em Canarana - colonização
gaúcha, no Cerrado Mato-grossense. Aquele jovem, que no início do seu
ministério já achava que tinha tudo definido, foi profundamente transformado
pelo primeiro grande impacto missionário dos batistas brasileiros. Aquela
primeira Trans foi o início da formação da visão ministerial dele, que está há
35 anos no exercício do pastorado, já o tendo exercido em Cuiabá, Campo Grande,
Jundiaí e está há 21 anos na PIB de São Caetano do Sul, uma igreja que apoia
diretamente 33 projetos missionários no Brasil e no mundo. Com todas as
experiências que obteve, pastor Sebastião nunca perde a oportunidade de
incentivar participações na Trans, afinal ele garante: "Além de participar
de um impacto transformador em uma região de nosso imenso país, você também
será profundamente impactado pelo Espírito Santo do Senhor".
Conteúdo extraído da revista A Pátria Para Cristo.
*Depoimento publicado na revista A Pátria Para Cristo e no site da Junta de Missões Nacionais, de onde o transcrevemos na íntegra.