domingo, 23 de setembro de 2012

FLORES E FRUTOS


Ontem começou a primavera. Não sem razão, quando se pensa nesta estação, lembra-se logo do colorido, do perfume e da beleza desta fase do ano, caracterizada pelo florescimento das árvores e dos campos. A sensação de andar por um campo florido na primavera é quase extasiante, convidando-nos ao romantismo e fazendo-nos atentos ao que há de mais poético e belo na vida.

Só não nos damos conta, muitas vezes, de que, além de bela, a primavera exerce uma função essencial no processo produtivo da natureza. As flores não são apenas lindas, são também responsáveis pela geração dos frutos. Uma florada é prenúncio de frutificação. As flores não somente ornamentam e embelezam, dão origem às plantas à medida que seu ovário é fecundado pelos polens de outras flores da mesma espécie. Diferentemente do que escreveu o poeta Cartola em sua belíssima canção, “as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti”, as flores não apenas são belas e perfumam o ambiente, elas também produzem os frutos.

Num mundo exacerbadamente preocupado com a estética em detrimento do conteúdo, através do exemplo das flores Deus nos ensina a importância de uma beleza que não seja sinônimo de futilidade, nem esteja a serviço do narcisismo, mas tenha uma função nos propósitos divinos que resulte em vida.

Deste modo, nossa vida não deve se caracterizar pela exterioridade vazia que propagandeia uma beleza que não passa da epiderme, mas de um estado interior de tamanha saúde espiritual, que o perfume que exalemos seja o de Jesus, a Rosa de Sarom, para produzir vida à nossa volta. Ao contrário do que aconteceu no episódio em que Jesus, atraído pela farta folhagem da figueira, procurou fruto nela e não encontrou (Marcos 11.12-14), que o Senhor encontre uma realidade permanente de frutificação em seu reino. Para isso, a receita já foi dada pelo Senhor: “Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis fazer” (João 15.5).

Precisamos ser como as flores: não expõem sua beleza sem a intenção de contribuir para a frutificação. Nós, portanto, precisamos evitar a propaganda enganosa veiculada pela espiritualidade aparente, demonstrada nos estereótipos religiosos e concentrarmos nosso foco no exercício da vida cristã de verdade, cuja beleza está na produção de frutos resultantes da união com Cristo.

Em Cristo, Pr. Idenilton Barbosa

sábado, 22 de setembro de 2012

DEPOIMENTO MISSIONÁRIO


A seguir, um depoimento que nos inspira a dedicar nossa vida à proclamação do Evangelho e ao discipulado bíblico, sem triunfalismo e sem priorizarmos as estatísticas, mas impulsionados pelo amor a Deus e ao próximo, com a determinação de obedecer à ordem de Jesus Cristo: "Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mateus 28.19-20). Deixe-se ser desafiado e atenda o desafio!
*Trans: Uma experiência válida para toda a vida


Durante a 92ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, o pastor Sebastião Custódio de Oliveira Neto, da Primeira Igreja Batista em São Caetano do Sul (SP), surpreendeu-se ao ver sua foto num cartaz que exibia imagens da primeira Trans de 1974, que levou para o norte do país vários seminaristas, com o intuito divulgar a Palavra nos lugares mais distantes, permitindo maior avanço do evangelho.

Ele estava no primeiro ano do Seminário Teológico Betel, no Rio de Janeiro (RJ), quando, em culto realizado na capela do seminário, o pastor Samuel Mitt, secretário executivo de Missões Nacionais à época, fez o "convite-desafio" aos seminaristas das igrejas batistas para que participassem da primeira grande mobilização missionária a ser realizada em dezembro daquele ano, indo para a Transamazônica. "A mobilização era denominada Transtotal. Inscrevi-me e, para minha surpresa, fui aceito. Na época, eu tinha 17 anos, mas completaria 18, antes do evento, e creio que tenha sido um dos mais novos a participar", contou.

Estudantes do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, do IBER (hoje CIEM), do Seminário Teológico Batista Fluminense, e do seminário onde Sebastião estudava, todos do Rio de Janeiro, além dos alunos do Instituto Tecnológico A. B. Deter, de Curitiba (PR), viajaram no mesmo ônibus com destino a Brasília. "Éramos aproximadamente quarenta pessoas, entre moças e rapazes, incluindo o então presidente de Missões Nacionais, pastor Henrique Marinho Nunes. Os seis ou sete passageiros não evangélicos do ônibus foram os primeiros a ouvir a mensagem de Jesus Cristo. Para mim, a Trans começava ali. Após 18 horas de orações, pregações, canções, alguns cochilos e também muitos bate-papos, chegamos a Brasília", relatou o pastor Sebastião, que após um dia de descanso com seu grupo na capital federal, seguiu para Araguaína (TO), onde participou de cultos nas igrejas e congregações.

"Cantamos, pregamos, demos testemunhos e muitas orações foram feitas a favor dos que participariam da 'grande aventura missionária'. No dia seguinte chegamos a Marabá, cidade-base da operação missionária, já às margens da Transamazônica. Lá, nos encontramos com outros seminaristas, missionários, pastores e evangelistas do Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Éramos, aproximadamente, 110 irmãos e irmãs desejosos de anunciar o evangelho aos milhares de brasileiros que vinham para a Transamazônica, cheios de sonhos, pois ali ganhavam terras do governo e promessas de que em breve a estrada seria asfaltada e a produção agrícola da região 'abasteceria o mundo'. As promessas dos governantes não se cumpriram, mas a mensagem do evangelho daria aos que nela cressem verdadeiramente uma nova vida", lembra o pastor. Na cidade de Marabá, todos foram divididos em equipes de 6 a 8 componentes e, após o treinamento coordenado pelo pastor Nilton Antônio de Souza, que trabalhava na sede de Missões Nacionais no Rio de Janeiro, foram enviados para seus respectivos trechos da estrada Transamazônica.

As famílias receberam terras ao longo da Transamazônica, mas em alguns lugares havia pequenas comunidades chamadas "Agrovilas". Cada equipe tinha como tarefa evangelizar os moradores ao longo de aproximadamente 50 km da estrada, entre Marabá (PA) e Altamira (PA) e apesar de ser época de chuvas os objetivos foram alcançados.

O grupo de Sebastião era liderado pelo pastor Isaías Próspero Duarte, e também fazia parte de sua equipe a missionária Irtes Dias Delgado, que hoje, mesmo aposentada como missionária, vive naquela região. "Ficamos 10 dias visitando famílias nos sítios à beira da estrada. Durante o dia era feito censo religioso, e quando havia concordância apresentávamos, na mesma visita, a mensagem do evangelho e intercedíamos a Deus pelas famílias. À noite realizávamos cultos nos sítios, pequenos comércios ou escolas. Muitas pessoas receberam Jesus Cristo como senhor e salvador de suas vidas e ainda outras, mesmo não tomando uma decisão naquele momento, aceitaram fazer estudos bíblicos em seus lares".

Com seu jipe, com tração nas quatro rodas, o pastor Isaías conseguia deslocar seu grupo ao longo daquela estrada de terra e muito barro. Eles ficaram hospedados em três diferentes casas durante dez dias, com famílias cristãs que tinham sido contactadas com antecedência. "Pela primeira vez dormi em rede e experimentei bacaba, cupuaçu, açaí e farinha puba. Também ouvi o ronco dos bugios e 'miados' de jaguatiricas. Andávamos bastante durante o dia (nos subdividimos em dois grupos) e apesar do cansaço físico sentíamos uma grande alegria e nossa disposição era constantemente renovada", recorda.

No retorno à Marabá, houve um culto em ação de graças, por todas as bênçãos alcançadas naqueles dias. Estavam presentes, entre tantos outros, o missionário Jonas Bidart Lopes, pastor da Igreja local, as missionárias Sônia Maria dos Anjos Santos, Lúcia Margarida e a mensageira da noite foi a irmã Marcolina Magalhães. Tendo chorado durante toda a mensagem, Sebastião foi até a frente, consagrando sua vida enquanto era entoado o hino 298 do Cantor Cristão. "Senti em todo aquele culto, uma manifestação especial do Espírito Santo. Durante toda aquela experiência, do início do choro até o atendimento do apelo, fui perguntando a Deus o que Ele queria de mim. O que deduzi no fim daquela noite foi que Deus queria com aquele quebrantamento levar-me a viver com sinceridade a letra do hino de que aprendera a gostar: 'Nem sempre será pro lugar que eu quiser que o Mestre me tem de mandar'. Pois em relação ao ministério as posições estavam invertidas: eu queria determinar como ele deveria se desenvolver. Ali pude entender com clareza que o ministério não era meu e sim de Deus, para que eu o cumprisse".

Como consequência da sua participação na primeira Trans, Sebastião recebeu um convite para um trabalho de férias no interior de Goiás, para onde foi em janeiro do ano seguinte. De dezembro de 1975 até o fim de janeiro de 1976, ele participou da segunda Trans, a convite de Missões Nacionais, e auxiliou na coordenação da equipe que trabalharia na região de Sinop e Colíder (único grupo que atuou fora da Transamazônica). A maioria dos integrantes de sua equipe era da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, estando entre eles a atual missionária Analzira Pereira do Nascimento, que mais tarde foi para Angola e hoje coordena a JMM Jovem.

Retornando da "Trans Total 2", Sebastião e seu grupo passaram na cidade de Campo Grande (MS), onde tiveram contato com o pastor Jonatan de Oliveira, que fez o convite a Sebastião para que realizasse um trabalho de férias na frente missionária de São Félix do Araguaia (MT), em frente à Ilha do Bananal. Tendo aceitado o convite, ele ainda retornou no início de 1977.

Em função do contado com a PIB de Campo Grande, no fim do curso, em dezembro do mesmo ano, ele foi convidado para ser ordenado ao ministério pastoral e para servir como missionário da Igreja em Canarana - colonização gaúcha, no Cerrado Mato-grossense. Aquele jovem, que no início do seu ministério já achava que tinha tudo definido, foi profundamente transformado pelo primeiro grande impacto missionário dos batistas brasileiros.  Aquela primeira Trans foi o início da formação da visão ministerial dele, que está há 35 anos no exercício do pastorado, já o tendo exercido em Cuiabá, Campo Grande, Jundiaí e está há 21 anos na PIB de São Caetano do Sul, uma igreja que apoia diretamente 33 projetos missionários no Brasil e no mundo. Com todas as experiências que obteve, pastor Sebastião nunca perde a oportunidade de incentivar participações na Trans, afinal ele garante: "Além de participar de um impacto transformador em uma região de nosso imenso país, você também será profundamente impactado pelo Espírito Santo do Senhor". 

Conteúdo extraído da revista A Pátria Para Cristo.

*Depoimento publicado na revista A Pátria Para Cristo e no site da Junta de Missões Nacionais, de onde o transcrevemos na íntegra.

sábado, 15 de setembro de 2012

NOVIDADE NO BLOG

A partir de agora, em nosso blog você pode acessar textos e reflexões do Pr. Idenilton Barbosa num local específico. São pequenos artigos pastorais novos e antigos que instigam à meditação e produzem edificação. Alguns já publicados aqui e outros inéditos. Muitos deles são bastante sucintos, por terem sido publicados originalmente no Boletim Litúrgico Informativo, onde o espaço é limitado. Na página PASTOR acima, basta clicar em ARTIGOS PASTORAIS e ler os textos que desejar. Se preferir, na página INÍCIO, na coluna da esquerda, encontre REFLEXÕES PASTORAIS e clique em ARTIGOS. Fique à vontade para ler e comentar.

Como aperitivo, a seguir, um desses textos: A COLHEITA DOS PRÓXIMOS QUATRO ANOS, escrito em 26 de setembro de 2010. Afinal, com a proximidade das eleições municipais, é importante refletir sobre como nossa atitude política determinará o que acontecerá conosco e com nossa cidade, nos quatro anos de mandato do próximo prefeito. Boa leitura!







A COLHEITA DOS PRÓXIMOS QUATRO ANOS*

“... pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará” Gl 6.7


Pr. Idenilton Barbosa

No próximo domingo, votaremos para presidente, governador, senadores, deputado federal e deputado estadual. Muitas pessoas têm dificuldade para escolher seus candidatos. Vivem desconfiadas com a classe política devido aos inúmeros casos de corrupção, além da demagogia dos que se apresentam como paladinos da moralidade que, em muitos casos, são servos ou se servem da mesma insaciável politicagem daqueles que acusam.

O que alimenta tais comportamentos? Evidentemente não temos como apontar uma única causa. Mas, com toda certeza, entre as razões estão os critérios que muitos eleitores levam em conta na hora de decidir por um determinado candidato. Infelizmente, muitos trocam seu voto por um saco de cimento, por uma dentadura, por uma consulta médica, enfim, se assemelham àqueles que recebem dinheiro ou vantagens pessoais para votarem neste ou naquele projeto no Congresso Nacional.

Tanto quanto a colheita é proporcional ao que se semeia, os resultados nos próximos quatro anos serão equivalentes ao voto que daremos no próximo domingo – em quem e por que votaremos. A vida do seu candidato é mesmo de compromisso com os que têm menos? Ele tem propostas realmente plausíveis? Qual o alcance social de suas proposições? Ele está a serviço da sociedade ou de um determinado grupo? Vote de modo a colher uma sociedade mais justa no futuro.

* Texto escrito em 26 de setembro de 2010