NASCIMENTO DE MÃE
Idenilton
Barbosa
Nasceu mulher.
E, por isso, depositária de
beleza,
inteligência e força.
Pelo Altíssimo dotada de
assaz riqueza,
é capaz de sorrir, ainda
que se contorça,
dando à luz a filhos, sendo
invólucro de amor e firmeza.
Nasceu bela.
Sendo assim, pra quê
transformação?
É notória sua formosura!
Mas, pra ser mãe, expõe-se
à mutação
do seu rosto, do seu corpo,
da sua estrutura,
alargando o útero e
escancarando seu coração.
Nasceu sensível.
Para ela, quase tudo é perceptível.
Seu senso, porém, torna-se
ainda mais aguçado:
Quando concebe, escuta até
mesmo o inaudível,
consegue ver o que por
ninguém é notado,
seu coração materno decifra
sinais do indescritível.
Nasceu menina.
Dada à brincadeira, à
fantasia.
Seu espírito moleque não se
perdeu no tempo...
No turbilhão do cotidiano, a
mãe se diverte, se extasia,
se joga no chão, se torna
goleira, representa, faz experimentos,
se reencontra com a menina
do começo, na brincadeira da cria.
Nasceu nova.
Seu corpo curvas possuía.
Hoje, seu rosto tem marcas
do tempo,
feitas pela missão de mãe,
dos olhos bem abertos e em claro, mesmo em noites frias.
Para o filho, já crescido,
é impossível retribuir-lhe a contento.
Resta render-lhe honra e a
Deus, graças, por ter inventado a mãe um dia.

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