sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A COMPANHIA DE JESUS

Às vésperas da realização do nosso CAFÉ DE COMUNHÃO, quero convidá-los a comparecer e também, a seguir, a refletir atentamente no propósito do nosso encontro, que coincide com a razão de ser da nossa existência como igreja de Cristo. Boa leitura e boa reflexão!


De que a igreja de Cristo não deve ser confundida com o templo, o espaço físico, acredito que todos estão cientes. Sucintamente, podemos afirmar que a igreja é o grupo de pessoas salvas e regeneradas por Jesus Cristo, que se reúnem para servir e adorar a Deus, buscar o aperfeiçoamento do caráter de Cristo em suas vidas por meio do ensino e aprendizagem das Escrituras, proclamar as boas novas do amor do Pai aos que carecem da salvação, servir ao próximo em suas necessidades e, tudo isso, envolvido num relacionamento de comunhão com Deus e umas com as outras.

Em sua última oração por seus discípulos, Jesus deixou claro que um relacionamento de comunhão e, consequentemente, de unidade entre seus seguidores é fundamental para que a igreja cumpra a sua missão de conduzir os pecadores a Cristo: "Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" (João 17.21). Entretanto, a profundidade, a abrangência e as implicações dessa verdade, nem sempre são apreendidas de maneira satisfatória.

A palavra usada pelos escritores neo-testamentários para designar comunhão é o termo grego koinonia, que significa ter algo em comum com alguém. Comunhão é vida comum e compartilhada no corpo de Cristo. Uma outra palavra, da qual gosto muito, que nos ajuda a compreender o que Jesus espera de nós neste sentido e que faz parte do exercício dessa comunhão é "companheiro". É originada na expressão do latim clássico cum panis, que significa "aquele com quem dividimos o pão" (http://www.dicionarioinformal.com.br/companheiro/). Deste modo, literalmente, ser companheiro de alguém é ter a atitude de repartir o pão com essa pessoa. Não é sem razão que os exemplos de comunhão e companheirismo no Novo Testamento estão muito associados ao ato de partilhar uma refeição, de comer pão juntos (Mateus 26.26-30; João 21.1-14; Atos 2.42; 20.7). Jesus promete para quem o deixar entrar em sua vida: "cearei com ele e ele comigo" (Apocalipse 3.20). E, naquele contexto, cear era basicamente comer pão. A partir desses exemplos, podemos afirmar que a igreja é a comunidade dos companheiros, daqueles que dividem o pão, é a companhia de Jesus.

É evidente que não queremos reduzir o conceito de comunhão ao ato de comer juntos. Antes, pretendemos nos apropriar desse símbolo para nos aproximarmos o mais que pudermos do real sentido de termos os nossos irmãos em nossa companhia e de, por conseguinte, sermos seus companheiros. Em nenhuma hipótese, a ideia é a de alguém que segue a um outro passivamente, nem muito menos tem a conotação de adesão institucional, organizacional. Ser companheiro, ou partilhar o pão, significa entrar num relacionamento    de amor com outros que estão em comunhão com Cristo, caracterizado pela decisão de repartir do que somos e do que temos para que o nosso irmão tenha condições de crescer e de se aperfeiçoar de maneira integral (corpo, alma e espírito) no discipulado cristão, de modo a ser saudável em seu relacionamento com Cristo e com as outras pessoas, à sua volta.

Pode implicar em "repartir o pão" literalmente, para que o nosso irmão possa satisfazer a sua necessidade básica de alimento, mas não está restrito a isto. Não é simplesmente o atendimento de uma carência imediata, sem nos importarmos com os fatores geradores dessa situação e com outros aspectos da vida do nosso irmão. Mas também não se trata de negar-se a socorrer emergencialmente o outro, sob o pretexto de que isso é apenas um paliativo e de que é necessário a construção de uma estrutura gigantesca para atacar o problema em sua raiz, a fim de resolvê-lo definitivamente. Ser companheiro é, por exemplo, participar ativamente das experiências de vida uns dos outros, como aconselhou Paulo: "Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram" (Romanos 12.15). É partilhar das alegrias e das tristezas, é comer juntos tanto o pão de dores, como o pão dos prazeres, a ceia do pranto, bem como o banquete dos cânticos, é partilhar o luto e a celebração.

Alguns acreditam que a ideia de companheirismo nasceu da experiência de jornada, na qual os envolvidos tinham que ser solidários com os outros, de modo a suprir mutuamente suas necessidades, inclusive a eventual falta de pão (http://sistemafaep.org.br/sindicao/a-palavra-companheiro/), para que pudessem assegurar o êxito da viagem. Isto é extremamente condizente com o nosso contexto, tendo em vista que, como irmãos em Cristo, estamos numa jornada espiritual que implica em prestarmos atenção ao que nos aguarda na eternidade com Cristo, sem, contudo, abdicarmos de nossa responsabilidade de interferir no curso dos acontecimentos aqui e agora, cumprindo a missão que Jesus nos deu. E, para isto, é imprescindível apoiarmo-nos uns aos outros, para que a nossa companhia seja relevante para nós, co-discípulos, e para o mundo ao nosso redor. É por isso que a Palavra de Deus declara: "Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará? E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa" (Eclesiastes 4.9-12).

Fomos chamados por Deus para servi-lo com nossos dons e talentos. Não lograremos êxito se não partilharmos nosso potencial, nosso tempo, nossos recursos financeiros, nossa força de trabalho, nossas possibilidades. Tudo o que somos e o que temos, em consonância e em harmonia com a contribuição dos demais, promoverá o aumento e a multiplicação do pão, para saciar os que conosco vão e para reunir à mesa os que ainda estão distantes do caminho.

Seu companheiro de jornada,
Pr. Idenilton Barbosa

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