RECEITA DE SÃO
JOÃO
Quase todo mundo concorda comigo que
esta é uma época de comidas deliciosas. Canjica, cuscuz, milho cozido, milho
assado, amendoim, uma infinidade de opções para todos os gostos. Além dos
pratos tradicionais, a criatividade humana nos apresenta novas receitas a cada
ano, a partir de ingredientes já conhecidos ou fazendo combinações inusitadas.
O certo é que, tradicionais ou inovações (prefiro as tradicionais), a maioria
delas é de dar água na boca.
São preparadas habitualmente no período
em que o catolicismo e a cultura popular homenageiam os santos juninos, sendo o
São João o mais festejado. Acompanhadas de licores, quentões e, principalmente
no Nordeste, ao som de muito forró, as receitas de São João fazem o maior
sucesso.
Paradoxalmente, João observava uma dieta bem peculiar que em nada lembra a comilança e a bebedeira do dia que escolheram para ele – se alimentava de gafanhotos e mel silvestre (Mt 3.4). Além disso,
sequer bebia vinho, muito menos bebida forte (Lc 1.15). Porém, no exercício de
sua missão de preparar o povo para a chegada de Cristo, ele nos deixou uma
receita de como nos ajustar à vontade de Deus, que deve ser obedecida em todas
as ocasiões.
Diante da consciência da presença do
reino de Deus, ele nos concita ao arrependimento sincero dos nossos pecados (Mt
3.2). Um arrependimento que nos leve a reconhecer nosso estado de irremediável
condenação, merecedor da ira divina, não fora a infinita e, como disse
Zacarias, o pai de João, “entranhável misericórdia de Deus” (Lc 1.78) que, em
Cristo, nos perdoa. Uma atitude que, ao invés de nos levar à hipócrita e
ilusória fuga da responsabilidade, evidencia uma real mudança de vida,
proporcionada pela graça de Deus, levando-nos a produzir frutos que agradam ao
Senhor.
Para que a vida tenha o tempero adequado, João recomenda substituir
o gosto ruim da soberba e da auto-suficiência, demonstrado por muitos que iam
ao seu batismo, confiados na justiça própria, pelo leve e agradável sabor da
humildade e da dependência de Deus, experimentado pelo profeta, reconhecendo que
não era digno de desatar as sandálias do Filho de Deus, que tudo que tinha era
dado pelo Senhor, e feliz com o fato de que lhe cabia diminuir, para que Cristo
aparecesse (Lc 3.16; João 3.26-30).
O Batista, como ficou conhecido o profeta, não
aconselha o uso de bebidas alcoólicas, tão comuns nas festas juninas como
indicativos de suposta alegria. Ele mesmo era cheio do Espírito de Deus e
previu que Cristo nos encheria também com o Espírito Santo. Mais tarde,
concordando com o chef, Paulo, outro
especialista em grandes receitas, ensinou: “E não vos embriagueis com vinho, no
qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito Santo” (Ef 5.18). A Palavra de Deus ensina: “Portanto, quer
comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória
de Deus” (I Co 10.31). Portanto, neste São João, siga a receita do santo: Lucas 3.1-18.
Um forte abraço pastoral!
Grande distancia há entre o relembrado santo, a forma como viveu e o exemplo que deu, conforme está registrado nas páginas dos evangelhos... A dita festa de São João em nada celebra João, mas apenas é uma justificativa com o fim de satifazer as concupiscencias humanas, tão distantes do Espirito Santo. Abraços, Rita.
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