Ontem começou a primavera. Não sem razão, quando se
pensa nesta estação, lembra-se logo do colorido, do perfume e da beleza desta
fase do ano, caracterizada pelo florescimento das árvores e dos campos. A
sensação de andar por um campo florido na primavera é quase extasiante,
convidando-nos ao romantismo e fazendo-nos atentos ao que há de mais poético e
belo na vida.
Só não nos damos conta, muitas vezes, de que, além
de bela, a primavera exerce uma função essencial no processo produtivo da
natureza. As flores não são apenas lindas, são também responsáveis pela geração
dos frutos. Uma florada é prenúncio de frutificação. As flores não somente
ornamentam e embelezam, dão origem às plantas à medida que seu ovário é
fecundado pelos polens de outras flores da mesma espécie. Diferentemente do que
escreveu o poeta Cartola em sua belíssima canção, “as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam
de ti”, as flores não apenas são belas e perfumam o ambiente, elas também
produzem os frutos.
Num mundo exacerbadamente preocupado com a estética
em detrimento do conteúdo, através do exemplo das flores Deus nos ensina a
importância de uma beleza que não seja sinônimo de futilidade, nem esteja a
serviço do narcisismo, mas tenha uma função nos propósitos divinos que resulte
em vida.
Deste modo, nossa vida não deve se caracterizar
pela exterioridade vazia que propagandeia uma beleza que não passa da epiderme,
mas de um estado interior de tamanha saúde espiritual, que o perfume que
exalemos seja o de Jesus, a Rosa de Sarom, para produzir vida à nossa volta. Ao
contrário do que aconteceu no episódio em que Jesus, atraído pela farta
folhagem da figueira, procurou fruto nela e não encontrou (Marcos 11.12-14),
que o Senhor encontre uma realidade permanente de frutificação em seu reino.
Para isso, a receita já foi dada pelo Senhor: “Eu sou a videira; vós sois as
varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim,
nada podeis fazer” (João 15.5).
Precisamos
ser como as flores: não expõem sua beleza sem a intenção de contribuir para a
frutificação. Nós, portanto, precisamos evitar a propaganda enganosa veiculada
pela espiritualidade aparente, demonstrada nos estereótipos religiosos e
concentrarmos nosso foco no exercício da vida cristã de verdade, cuja beleza
está na produção de frutos resultantes da união com Cristo.
Em Cristo, Pr. Idenilton Barbosa
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