Mãe é presente*
Idenilton Barbosa
No Dia
das Mães, o mundo do capital clama pelo presente.
É assim
há muito tempo até o presente,
comete-se
este erro capital e indecente
de
reduzir a maternidade a um capítulo do consumo
de um mundo
que capitula e vai-se consumindo,
com o
sentido do que é ser mãe ausente.
Claro,
mãe é humana e gosta de presente!
Afinal,
em quem este desejo está ausente?!
Mas, no
coração de um ser calejado de esperar
há a
esperança de que lembrem no tempo presente,
que mãe
é que é o presente, mesmo quando está ausente.
Nem
sempre é vista, mas presente sempre está.
Naquela
bolsa, em meio a tanto líquido,
sua
presença parecia fluida, não a via,
porque
mais que estar presente, ela presente se fazia,
aquecendo
meu pequeno corpo em formação,
com seu
grande corpo miúdo, que me envolvia.
É difícil
acreditar que por nove meses morei ali:
espaço
pequeno, forma de pera,
onde
intrauterinamente cresci, enfim.
Dentro
daquele corpo miúdo eu era presente pra ela,
mas
ela, com sua vida implicada pela minha, era presente pra mim.
Mesmo
no presente, quando seu corpo miúdo ausente está,
mãe é
presente, pois seu saber atemporal permanece a ecoar.
Mãe é
presente de raríssimo valor, que não se pode comprar,
mãe é
dádiva de Deus, que do seu tesouro eterno retirou para nos dar.
*Escrito em memória de Benedita de Jesus Barbosa, mãe do Pr. Idenilton Barbosa, falecida em 14 de novembro de 2014.
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